17 janeiro 2014

Até o Fórum Económico Mundial?

O Fórum Económico Mundial nunca foi muito bem frequentado. Por lá vai estando sentada uma parte considerável da elite económica que governa o mundo. A sociedade civil, as associações e os movimentos normalmente ficam à porta, bloqueados por um cordão policial. Mas vale a pensa ler o que eles escreverem, vale a pena saber o que eles pensam, vale a pena estudar o que eles concluem sobre o que está a acontecer ao mundo. Recentemente lançaram o seu relatório anual Global Risks 2014 e os resultados, ainda que não sejam uma novidade, são profundamente ilustrativos de como a dureza da crise, das desigualdades e da destruição das economias é de tal ordem que é o próprio Fórum Económico Mundial que o coloca como centro de reflexão.

Fig 1: Ten Global Risks of Highest Concern in 2014, pp.9



Ao contrário de outros relatórios, a crise financeira nas principais economias e os seus efeitos ao nível do desemprego estrutural e do subemprego (ou se quisermos da precariedade laboral) são apontados como os principais riscos neste ano em que entramos, logo seguidos da crise da água e da desigualdade económica.

Mas vejamos agora uma análise comparada entre áreas de maior impacto real e de maior probabilidade que afectaram o mundo:

Figura 2: The Global Risks Landscape 2014, pp. 16

A relação é óbvia. As desigualdades económicas, o desemprego estrutural, o subemprego, a crise financeira mas também a crise da água e do clima são os principais riscos reais e prováveis que enfrentamos. Mas o relatório mostra uma coisa ainda mais interessante analisando comparativamente os indicadores. É que de facto há uma relação entre a crise económica e outros riscos que afectam a sociedade.

Figura 3: The Global Risks 2014 Interconnesctions Map, pp.21

De facto, os riscos económicos associados à crise financeira, ao desemprego, à instabilidade laboral são, do ponto de vista das interconexões dos riscos, aqueles que maior fazem depender todos os outros. E não é por acaso que eles são logo seguidos às desigualdades económicas entre países, à instabilidade social e política e ao falhanço das políticas de governação. Estes dados demonstram que só uma estratégia de alternativa ao pântano económico do desemprego e da crise permanente pode ajudar a transformar o mundo e mostram também que as desigualdades económicas e a conexão de estratégias alternativas nos vários países do mundo devem ser centros estratégicos.


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