30 janeiro 2014

Um século depois da Primeira Grande Guerra, o mundo entorta-se

Thomas Piketty, no seu grande livro sobre o capital no século XXI, apresenta este gráfico sobre a repartição da produção mundial desde 1700.

Sendo indicativos e aproximados, os dados são ilustrativos de algumas grandes mudanças. A primeira e mais importante é a recuperação do peso da Ásia: em 1700 representava cerca de 60% da produção mundial, depois o seu lugar degradou-se, agora tem crescido até chegar a 40%. É o maior centro de produção da economia mundial.
A segunda mudança é a diminuição do peso da Europa: 47% em 1913, na véspera da Primeira Guerra, e 25% agora. Atenção: na Europa estão algumas regiões das mais exportadoras em produtos de maior valor acrescentado (a Alemanha e o Benelux), mas no conjunto tem perdido peso.

As Américas cresceram sobretudo até à Segunda Guerra e depois mantiveram um lugar mais ou menos estável (mas houve mudanças internas, com o crescimento da produção do Brasil, México e Argentina). Finalmente, a África contou sempre muito pouco.

Se os leitores fizerem dois exercícios, ficarão com uma noção mais evidente do significado deste gráfico: comparem a população de cada região com a sua produção e terão o mapa da pobreza (África) e imaginem os fluxos financeiros que correspondem a estas produções e perceberão o peso das potências asiáticas.

Evidentemente, este mapa não diz tudo. A produção tem tudo e diz pouco. Tem sapatos e chinelos, locomotivas de alta velocidade e software. Os centros do poder serão ainda os que tiverem a maior capacidade tecnológica, financeira, política e militar. Mas o mundo está a deslocar-se, não está?

1 comentário:

  1. está. e como está é melhor que corras atrás dele F Louçã - não te agarres à cadeira do poder nominal , depressa és secundarizado

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