20 fevereiro 2014

Portugal não é um país pequeno: Cavaco, Cristas e Crato repescam ideia do fascismo

Cavaco Silva, Nuno Crato e Assunção Cristas, juntaram-se ontem para inaugurar um novo mapa de Portugal que estará disponível ainda este ano em todas as escolas. Chama-se "Portugal é mar" para que os jovens - nas palavras do Presidente da República - compreendam que "Portugal é enorme" e com "enormes potencialidades". 


Esta iniciativa do Governo, com o apoio do Presidente da República, faz bem lembrar outra do Secretariado da Propaganda Nacional do Estado Novo, o famoso mapa "Portugal não é um país pequeno" em que se comparava a superfície do "Império Colonial Português" com os principais países da Europa, chegando à conclusão que Portugal tinha uma área superior à de Espanha, França, Inglaterra Itália e Alemanha somadas. Este mapa, organizado por Henrique Galvão e divulgado a partir de 1934 na Exposição Colonial do Porto, era o símbolo da grandeza do país e do Estado Novo.


Pesando as óbvias diferenças, o objetivo de ambos os mapas é o mesmo: pôr os jovens a gritar sobre o prestígio pátrio e o orgulho luso.

A direita reinventa um marco do fascismo, usando o patriotismo como meio de propaganda para fazer esquecer que está a destruir o Estado Social. Aliás, há mais slogans do fascismo que foram retocados e trazidos para o século XXI através da novilíngua do empreendedorismo. Recordemos como as palavras de Vítor Gaspar «a dose de austeridade é excessiva? Nem mais, nem menos. É a dose necessária.» nos fazem lembrar os avisos de Salazar «Aguardamos apenas a realização de condições convenientes para que o remédio não seja pior de sofrer do que o mal que se destina a curar». Ou como quando Passos Coelho diz «Estamos agora a viver dentro das nossas possibilidades» nos soa sempre a «Ensinai aos vossos filhos o trabalho, ensinai às vossas filhas a modéstia, ensinai a todos a virtude da economia. E se não poderdes fazer deles santos, fazei ao menos deles cristãos».

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