08 março 2014

8 Março: meu corpo, minha festa



A Rede 8 de Março festeja o CORPO e "aliando a arte à reflexão feminista queremos afirmar o corpo que é morada de uma identidade mas não uma prisão, que é expressão de movimento e não de opressão, que é lugar de prazer e não de violência, que é experiência de liberdade e não de negação, que é euforia, riso, sangue e lágrimas e não uma ilusão, que é soberano e não submisso, que evolui no tempo, que é aquilo que eu quero e não imposição. Aqui ao lado, no Estado Espanhol, é este corpo que está em causa quando há uma lei que vem para negar o direito ao aborto. Contra a Lei Gallardón reafirmamos solidariamente: as mulheres são proprietárias de si mesmas, o seu corpo não pertence ao Estado nem a qualquer moral. Porque as lutas do passado são também as lutas do presente e ainda há tanto por transgredir: nesta festa, o corpo é insubmissão".
Do site: Em 2010, comemoraram-se os 100 anos que passaram desde que Clara Zetkin propôs a celebração anual de um Dia Internacional da Mulher, aquando da II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas. A origem certa deste dia é causa disputada, contudo, é certo que as lutas das mulheres operárias que marcaram o final do séc. XIX e o início do séc. XX constituem a sua inspiração. Conta-se que a 3 de Maio de 1908, em Chicago, celebrou-se o primeiro «Woman’s day» [Dia da Mulher] em prol de reivindicações por igualdade económica e política. Mas a data de 8 de Março viria a perdurar a partir do dia 8 de Março de 1917 (23 de Fevereiro no calendário russo), quando mulheres operárias desencadearam uma greve geral saindo corajosamente às ruas de Petrogrado, num protesto contra a fome, a guerra e o czarismo, dando origem à Revolução de Fevereiro. A partir de 1922, o Dia Internacional da Mulher é celebrado oficialmente no dia 8 de Março e, em 1975, este dia é reconhecido pela ONU. Também neste ano, no encalço da Revolução de Abril, as mulheres portuguesas puderam festejar este dia pela primeira vez. Entre as lutas do passado e as lutas de hoje, celebramos o dia 8 de Março como o DIA INTERNACIONAL DOS DIREITOS DAS MULHERES. Para garantir a memória e construir o futuro – o presente reclama-nos luta feminista.
16h00
A mulher orgásmica: Hands on workshop*
Para mulheres, com Iris Lican
No dia da Mulher faz sentido reclamar o prazer da Mulher. Faz sentido que o prazer de todas as mulheres seja vivido, assumido, concretizado. Num mundo onde tantas mulheres não ousam falar de prazer, não reclamam uma intimidade prazerosa, vivem toda ou parte da sua vida sem experimentar orgasmos, onde a mutilação genital é uma realidade, onde a violência obstétrica faz parte do quotidiano, onde o abuso sexual é recorrente, onde a masturbação ainda não é uma vivência incluída como parte da saúde da mulher, onde as próprias mulheres não conhecem a sua anatomia íntima, faz sentido «pôr as mãos na massa»; conhecer o corpo por dentro, reconhecer os seus processos e sobretudo: tocá-lo, senti-lo e vivê-lo com muito prazer. Reunir sexualidade e afectividade e celebrar conscientemente o amor-próprio e o amor ao outro a partir do corpo multi-orgásmico da Mulher.
Neste atelier propõe-se falar de sexualidade feminina e reconhecer no corpo, pelo movimento e pela auto-massagem, os pontos de prazer da mulher (haverá auto-toque íntimo, mas não toque partilhado).
Iris Lican é artista de dança, investigadora, orientadora, medicine woman e doula.
É directora artística e fundadora da Associação Cultural Senhora da Azenha, sediada em Sintra com o objectivo de criar trabalhos em torno do tema das artes e ofícios de cariz etnográfico, tradicional de um ponto de vista simultaneamente ancestral e contemporâneo. É também criadora e directora artística da companhia AlHumbra. Estuda há cerca de quinze anos danças femininas rituais do Médio Oriente e Norte de África, estudo este que a levou a interessar-se pelas remanescências da presença destes povos nas artes tradicionais da Península Ibérica, especificamente de Portugal, o seu país. Assim sendo, lecciona e promove trabalhos com Mulheres, algumas artistas profissionais e outras amadoras, de contextos culturais e sociais diversificados e de diferentes faixas etárias. Ao longo dos últimos sete anos, Iris desenvolveu várias performances colectivas. Volta agora a sua proposta para Sintra, local onde reside e onde desenvolve actualmente o seu trabalho artístico.
*As participantes devem levar uma toalha de rosto e de corpo, um espelho de mão, uma tacinha de vidro e um pareo ou pano de praia para colocar em volta do corpo.

18h00
Poesia erótica: As Palavras do Corpo
de Maria Teresa Horta, com Catarina Guerreiro
Num momento de partilha e de descoberta, serão lidos poemas do livro As Palavras do Corpo, de Maria Teresa Horta. A sugestão partirá da actriz Catarina Guerreiro, mas pretende-se que a leitura seja livre e participada. Multiplicar-se-ão as vozes e os tons através da uma celebração da palavra e do corpo.
Maria Teresa Horta nasceu em Lisboa em 1937, onde frequentou a Faculdade de Letras. Escritora e jornalista, foi a primeira mulher a exercer funções dirigentes no cineclubismo em Portugal. É co-autora das Novas Cartas Portuguesas, a obra de referência do feminismo português, e autora de um corpus literário diversas vezes premiado, que inclui poesia e prosa. A sua escrita delicada e rica embaraça-se num compromisso com a vida, entre contradição e emancipação. É, por isso, uma escrita com corpo, saber e desmesura.
Catarina Guerreiro é uma actriz portuguesa. Frequentou a Escola Superior de Teatro e Cinema e Escola Profissional de Teatro de Cascais. Para além da sua intensa actividade em teatro (junto com encenadores como Carlos Avilez, Filipe Crawford, João Mota, Francisco Salgado, José Wallenstein, Fernando Gomes, Cláudio Hochman, Gabriel Villela, António Feio, Maria João Luís, Martim Pedroso, Nuno Pino Custódio, Natália Luíza), trabalha em cinema e televisão, tendo também contribuído com a sua voz na gravação de CDs.
Vídeo-Instalação: Moving on
de Salomé Coelho, Paris, 2012, 4′
Um corpo de mulher que se julga a avançar depara-se sempre com uma parede. Que ideia move e se move no corpo dela que a faz avançar sempre da mesma forma e na mesma direcção? Por que continua a tentar? O que é que a precede? O que é que a persegue? Se o mundo for aquele compartimento, o que é a parede e quem é aquele corpo? Um corpo que não avança depara-se sempre com uma parede? Moving on relata a experiência do confronto com um novo país, da aprendizagem das distâncias, dos velhos hábitos e outros fantasmas, enquanto o futuro se abre e o passado ainda persiste.
Salomé Coelho é pós-graduada em Estudos Feministas, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, área na qual publicou diversos artigos, de onde se destaca “Por um feminismo *queer*: Beatriz Preciado e a Pornografia como pre-textos” (2009). No âmbito do mestrado em Filosofia, na FCSH-UNL, foi bolseira de Erasmus, na Universidade Paris Sorbonne, em 2012-2013. Actualmente, é doutoranda em Estudos Artísticos, pela FCSH-UNL, e bolseira da FCT. www.salomepontocoelho.wix.com/coelho

22h00
Este corpo é meu, obrigada!
Humor feminista, com Marisa Medeiros
Num tom humorístico e politicamente comprometido com a causa feminista, a artista percorre em improviso os temas dos estereótipos identitários e da opressão de género, desconstruindo a linguagem e as imagens que quotidianamente acompanham as mulheres no âmbito das suas relações sociais e representam, afinal, o campo do qual se querem libertar. Com a leveza do riso, a artista procura transmitir uma mensagem de apelo à igualdade.
Marisa Medeiros é idealizadora e escritora de peças teatrais de fusão. É autora de “Mulheres Indiscretas”, um projecto que engloba as suas obras literárias Na Contramão,Depois do NaufrágioLaços e Desassossego. É também criadora do projecto “A Arte é a Linguagem que unifica os Homens!”. www.escritoramarisamedeiros.blogspot.com
22h30
Marias InsubmissasPerformance destereotipada
Com Maria Pandiello, Mariana Lemos, Andreia Barreto, Mariana Viana, Freya, Ilda Baeza, Ana Mafalda Felipe, Sophie Caraconstantis, Bruna Spoladore, Clara Passaro, Rita Gonzaga e Carla Costa.
Um grupo irrompe no espaço da festa incorporando estereótipos associados às mulheres e encontra no tempo colectivo a força e o entusiasmo para rejeitar os papéis sociais que muitas vezes representam. Acreditamos que um acontecimento artístico é uma oportunidade para subverter estes papéis e construir novas imagens sobre nós próprias. Uma performance criada especialmente para a Rede 8 de Março, no dia em que mundialmente celebramos a liberdade de sermos quem somos, os direitos conquistados e exigimos sobretudo que não haja retrocessos.
As Marias: Somos bailarinas, actrizes, investigadoras, mães, psicólogas, comerciantes, todas insubmissas. Vivemos e trabalhamos em Lisboa e temos cada uma a nossa própria reflexão e crítica acerca da dança, da arte, das mulheres, sem nenhuma vontade de encontrar frases comuns, ideias semelhantes ou contar histórias lineares. Interessa-nos partilhar o momento e os nossos desejos.
Com o apoio de “30 da Mouraria” e Maria Gonzaga Guarda-roupa.

23h00
DJ Mãe Dela
Começou a passar música ainda nem meia dúzia de mulheres pensava nisso. Carrega sempre consigo uma mala cheia de discos de vinil e os seus sets são sempre uma viagem improvável pelas sonoridades da Soul, Funk, Jazz, Boogie, do Hip Hop e géneros musicais emergentes.

Sem comentários:

Enviar um comentário