28 janeiro 2015

Anita abre uma conta nas Ilhas Caimão

Paul Mason, do Guardian, escreve assim:
The oligarchs allowed the Greek state to become a battleground of conflicting interests. As Yiannis Palaiologos, a Greek journalist, put it in his recent book on the crisis, there is “a pervasive irresponsibility, a sense that no one is in charge, no one is willing or able to act as a custodian of the common good”. 
As for the Greek oligarchs, their misrule long predates the crisis. These are not only the famous shipping magnates, whose industry pays no tax, but the bosses of energy and construction groups and football clubs. As one eminent Greek economist told me last week: “These guys have avoided paying tax through the Metaxas dictatorship, the Nazi occupation, a civil war and a military junta.” They had no intention of paying taxes as the troika began demanding Greece balance the books after 2010, which is why the burden fell on those Greeks trapped in the PAYE system – a workforce of 3.5 million that fell during the crisis to just 2.5 million.
Faz lembrar a economia política de um certo regime fascista. E faz lembrar certas e determinadas declarações dos últimos dias/meses por cá:


Luís Horta e Costa:
“Está a referir-se à galhofa entre os rapazes lá do conselho superior [do GES]? Eles queriam vender metralhadoras e mais não sei o quê. Acho isso muito engraçado." 
“Há uma lei aprovada aqui na Assembleia da República e foi essa que a gente aproveitou…” Essa lei, que classificou de “amnistia fiscal”, é o Regime Excepcional de Regularização Tributária (RERT). Criado pelo primeiro governo de José Sócrates, em 2005, este mecanismo tinha, para Horta e Costa, a virtude de permitir “ocultar o mais possível esse tipo de transferências”.
Helder Bataglia:
O gestor explicou que houve depois "uma preocupação com a optimização fiscal" relativamente às comissões recebidas pelos acionistas e administradores, e que para o efeito foi criado um fundo no Panamá para onde foi dinheiro. "Uma optimização fiscal que encontramos mais tarde com o a aprovação do RERT - Regime Especial para Regularização Tributária", adiantou.

Tratava-se, como admitiu, uma tentativa de pagar menos impostos, por isso, diz, não foram as comissões do negócio não foram comunicadas ao fisco.Hélder Bataglia disse ainda que usou o RERT para repatriar para Portugal dinheiro que tinha no exterior, admitindo que alguns dos seus colegas na administração da Escom também o tinham feito.
Parece que há mesmo contos de criança - e "Anita vai à optimização fiscal" é um bom nome. Não são é do SYRIZA. Como diz Mason, mais à frente:
Over three general elections Syriza’s achievement has been to politicise the issue of the oligarchy. The Greek word for them is “the entangled” – and they were, above all, entangled in the centrist political duopoly. Because Syriza owes them nothing, its leader, Alexis Tsipras, was able to give the issue of corruption and tax evasion both rhetorical barrels – and this resonated massively among the young.
Continuo a achar a comparabilidade entre Portugal e Grécia limitada. Mas a lição de campanha encapsulada por este parágrafo tem de significar alguma coisa para a esquerda portuguesa. Talvez seja preciso mais algum tempo para a sociedade acompanhar este problema, mas o tempo chegará.

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