09 fevereiro 2015

50 sombras de Grey: a precariedade tira-nos a vontade


Não conhecemos ainda a versão cinematográfica do romance de E.L. James, mas diz-nos a imprensa diária que o filme conta, seguramente, com um contributo português. No apartamento do sado-masoquista Cristhian Grey, a personagem central da trama (que alguns conhecerão de leitura própria), poderemos ver peças de mobiliário de uma conceituada empresa de design portuguesa, a Boca do Lobo. Não somos esclarecidos se o mobiliário interfere diretamente na ação tórrida do filme, mas a marca da inovação e do empreendedorismo nacional parece estar garantida.

Acontece que já algumas pessoas alertaram para o facto da empresa Boca do Lobo pertencer ao Menina Design, grupo conhecido pelo seu recurso abusivo aos estágios e ao trabalho não remunerado. A plataforma Ganhem Vergonha denunciou o caso nesta reportagem da RTP.


A área do design é das mais afetadas pelo abuso laboral em Portugal e estes profissionais conhecem bem o significado da palavra precariedade. As peças do senhor Grey poderão bem ter sido o resultado de mais um trabalhador descartado, que vê o seu talento usurpado e desrespeitado.

Não há mal nenhum em alguém querer recriar o cenário de um filme erótico para seu próprio proveito, uma vez que a febre de Grey já parece ter chegado às lojas de bricolage, mas a precariedade, é preciso dizê-lo, tira-nos a vontade.


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